Prosas

INATINGÍVEL

Não existe nada tão explícito quanto o abstrato. Como nuvem ao vento, vapores com cheiros e sabores, o subjetivo é rio que desliza, suas águas, o pensamento.
Singular como um pincelada em tela, livre como o caos.
Nele cabe o que cabe na lata do poeta, nele cabe o incabível, o inatingível. Não cabe o raso, a razão, a matemática não habita no abstrato. Lá habitam seres que buscam ser livres e que vêem o mundo de um forma única, um mundo tal qual o olho de quem o vê. Ali, as cores dançam, as músicas teêm cheiros, o silêncio é uma ilusão. tudo é movimento, até mesmo a inércia. O mundo rápido de hoje é incolor, inodoro, não consegue mais enxergar o abstrato, esse mundo novo está meio cego, surdo, e fala mais do que sente.