Imagem capa - Agradecer por Rafael Benevides
Semiosis

Agradecer

O silêncio que precede o primeiro passo. O casamento antes de ser um parto, o parir de uma nova estrada, de uma nova história, antes disso, o casamento é o “Eu parto”, o partir pode ser difícil para os dois lados.  No momento da entrada na igreja, o pai segura a mão de sua filha, a Catedral gigantesca infantiliza o par, pai e filha. Como seria incrível se pudéssemos parar o tempo por alguns eternos minutos, ali em frente à aquele santuário gótico, pai e filha. Quem dera todos se ausentassem no silêncio e as duas gerações pudessem realmente estar sozinhas como se a cidade tivesse sido evacuada. E no silêncio, os olhos poderiam dizer tudo, no lugar das palavras, o sentir. E nesse momento, pais que foram ausentes sentiriam remorso e o silêncio seria áspero. O pai morto, estaria vivo, ali, ao lado. Dificil por outra pessoa nesse lugar. Ela entraria “sozinha” mas antes do abrir de portas, os seus olhos se fechariam para voltar a vê-lo mais uma vez, então ela segura as suas mãos, olha nos seus olhos e agradece, ele sorri com olhos de saudade. Só existem dois tipos de pai, o pai está vivo e o que é apenas lembrança. O pai carinhoso, este seria afagado como se fosse ele uma criança de colo, O silêncio teria o som de um violão, o som que animara toda uma infância e ao adentrar na nave da igreja um silêncio ainda maior anestesiaria o eco, as passadas seria leves, o caminho seria realmente florido e ao chegar no momento da entrega, o silêncio seria enfim quebrado com um “Obrigado pai”.